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Sal Verde, primeiro sal de origem vegetal do Brasil

Sarcocornia perennis é a matéria prima para o primeiro sal de origem vegetal do Brasil

Sarcocornia perennis é a matéria prima para o primeiro sal de origem vegetal do Brasil

Especialista em plantas medicinais, Cecilia Cipriano Osaida, 45 anos, conhecida como Ciça, está sempre em busca de novas espécies para descobrir seus potenciais bioativos. Com o escritório móvel, já que está sempre em campo, a bióloga e empresária encontrou em Palhoça uma planta diferente e altamente saudável, que pode ser o novo componente da mesa brasileira: o sal verde.

O nome científico da nova descoberta que pode revolucionar o cenário da saúde e da gastronomia nacional é Sarcocornia Ambigua. A espécie, naturalmente salgada, foi encontrada por Ciça onde o mar e o rio Aririú se encontram, formando um ambiente parecido com o manguezal, no Bairro Barra do Aririú, em Palhoça, na Grande Florianópolis. Dona da empresa Harmonia Natural, em Canelinha, a empresária afirma que se surpreendeu ao encontrar a espécie rasteira na região.

A planta, também usada na produção de sal na Europa, está sendo estudada por pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), que fez o reconhecimento da espécie encontrada por Ciça. Um projeto de manejo de cultivo da planta foi encaminhado à Fapesc para financiar a pesquisa. Segundo o pesquisador da Epagri de Itajaí, Antônio Amaury Silva Júnior, a maior preocupação é evitar a extinção da planta, que foi no Brasil só foi encontrada em Palhoça e na Ilha da Pólvora, em Porto Alegre (RS).

— Se tudo der certo com o financiamento do projeto, que vai desde o mapeamento da planta até o produto final, que é o sal verde, começamos os trabalhos no início de 2013. Toda a pesquisa deve demorar em média dois anos.

Por enquanto, a Sarcocornia não está disponível no mercado, pois antes é preciso descobrir como reproduzir a planta e em que tipos de ambiente ela se adapta. Para ser lançada no mercado, é preciso volume de produção, explica a gerente da empresa Harmonia Natural, Caroline Osaida.

Sal rico em clorofila

Conforme a bióloga, para se transformar em sal verde, totalmente orgânico e sem nenhum processo industrial, a planta precisa ser desidratada. Depois, seus galhos secos são triturados e se transformam em um pó. Ciça explica que o sal pode ser usado com a cor natural, verde, ou branco, que passa por outro processo para a retirada da clorofila. Porém, ela enfatiza que a clorofila é a grande fonte da juventude.

— Esse sal não tem cloreto de sódio, que hoje é o grande vilão da saúde. As pessoas estão perdendo a sensibilidade no sabor. Por isso, usam cada vez mais sal na comida. Conheço crianças que têm problema de hipertensão aos oitos anos de idade! Fico preocupada, pois temos uma grande riqueza em nossas mãos, mas essas plantas estão morrendo, pois não se preserva o que não se conhece.

“Somos a maior biodiversidade do mundo”

Com o lema de preservar tudo que a natureza nos dá, Ciça investe há 10 anos na produção de plantas medicinais. Em seu sítio, onde mora e trabalha na Harmonia Natural, há mais de 1.000 espécies, fruto da sua incansável busca por novas plantas. No mesmo local, um horto didático é local de estudos e capacitação para profissionais de saúde do todo o Brasil.

— Somos a maior biodiversidade do mundo e o país que menos usa plantas medicinais. Não há incentivo financeiro para uma área que está em ascensão. Nosso maior gargalo da cadeia é a produção. Quem vai plantar?

Atualmente, a especialista em plantas medicinais capacita médicos, enfermeiros, dentistas e veterinários para o uso da fitoterapia, que está sendo oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Há também produção artesanal de óleos essenciais, sabonetes e cremes.

Infância tratada com plantas

Todas as enfermidades na infância de Ciça foram tratadas com plantas medicinais. Nascida em Lages, conta que cresceu em uma fazenda em Paulo Lopes e que após a perda de um irmão por erro médico, o pai não permitiu mais qualquer intervenção alopata em nenhum dos filhos. Mãe de dois filhos, a bióloga conta que enquanto as amigas brincavam de boneca, ela criava seu próprio jardim. O envolvimento com plantas desde cedo é o maior benefício que leva da vida:

— Quero deixar a minha pegada e colaborar para as pessoas entenderem que o plantio é uma terapia e que é fundamental para uma vida saudável. As pessoas estão cada vez mais doentes, mas estão começando a perceber a importância de voltarmos ao começo da história da humanidade. O mundo moderno não satisfaz mais.

Planta do Bem

— Evita a hipertensão

— Imunoestimulante – atua no sistema imunológico do organismo seja mais fortalecido

— Antioxidante – controla radicais livres (que provocam tumores e envelhecimento precoce)

— Antitumoral – protege de tumores (anomalias celulares)

— Hipolipêmica – baixa o nível de colesterol

— Antidiabética – controla o açúcar do sangue

— Antiartrítica – evita artrite – inflamações crônicas das articulações

— Antituberculítica – controla a doença da Tuberculose

— Antileucêmica – controla a leucemia

— Antitrombótica – evita coágulos no sistema vascular

— Anti-inflamatória – controla as inflamações

— Antireumática – evita reumatismos

Vanessa Campos/Continente

vanessa.campos@diario.com.br

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