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UFJF vai testar e desvendar os segredos da milenar Viscum album

Planta medicinal será testada em voluntários de projeto na Universidade Federal de Juiz de Fora que acaba de ser contemplado no primeiro edital lançado pelo CNPq para pesquisas na área de medicina integrativa

É a primeira vez que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lança um edital para financiar projetos de pesquisa da área de medicina integrativa e um estudo-piloto da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) está entre os selecionados. O projeto propõe testar, em forma intradérmica, uma planta originária da Europa como alternativa para tratar a ceratose actínica, doença da pele que afeta principalmente as áreas expostas ao sol, como rosto, colo, braços e cabeça, no caso dos calvos.

A ideia é do médico antroposófico Fernando Abrão, um dos responsáveis pelo serviço de medicina antroposófica do Hospital Universitário da UFJF, que apresentou a proposta do estudo no seu mestrado, desenvolvido na universidade. Ele quer usar a planta medicinal Viscum album.

São  ampolas do medicamento, importado da Alemanha (laboratório Weleda – ou na Argentina), que, injetado pela região abdominal, cai na corrente sanguínea e os princípios ativos da planta inibem a proliferação das células da linhagem da ceratose por meio de uma ação citotóxica, ou seja, quando grande número de células doentes são eliminadas. Segundo Abrão, as células sadias não são eliminadas, pelo contrário, são incentivadas a se recuperar por meio de estímulos imunológicos do próprio organismo. A doença, quando evolui, pode se transformar em um câncer e demandar tratamentos mais sérios e agressivos, como a quimioterapia.
 

Hoje, o tratamento da doença é feito por meio de cremes dermatológicos e protetores solar. A Viscum album, segundo o médico antroposófico, é produzida a partir de técnica especial na Europa e o princípio ativo extraído dela é usado na Alemanha e na Bélgica para minimizar os efeitos da ceratose actínica. A planta é semiparasita, que cresce em cima de outra planta, como macieiras e carvalho, mas sem matá-la. Em seu consultório, em Juiz de Fora, Fernando Abrão tem pacientes que já conseguiram importar o medicamento e tiveram os efeitos da doença diminuídos na pele.

Diante dessa experiência, o pesquisador e professor fez a proposta para a universidade de construir um projeto-piloto testando a fórmula injetável. Como o remédio é produzido fora do país e tem um custo elevado, o médico buscou parceria com o laboratório alemão Helixor, que vai doar 480 ampolas para os estudos no laboratório mineiro da universidade. “Ele não é quimioterápico, não agride as células e tem uma função imunomoduladora, de fortalecer a reprodução das células sadias da pele”, explica.

Segundo o professor Aloísio Carlos Gamonal, chefe do Serviço de Dermatologia do HU/UFJF e orientador do mestrado, este será um experimento com um número pequeno de pessoas e que já foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, órgão vinculado ao Conselho Nacional de Saúde. “Não estamos oferecendo mágica, não é a cura do câncer.

É um experimento acadêmico em uma universidade pública”, afirma Gamonal, acrescentando que os resultados serão publicados independentemente do que indicarem. “Esse outro lado também é importante para a ciência. Se não tiver êxito, vamos publicar falando que não funcionou, isso é ético e honesto. Mas, em princípio, já existem outras experiências fora do país indicando para o bom funcionamento do tratamento”, afirmou.

Voluntários

Com a aprovação pelo CNPq, a Universidade Federal de Juiz de Fora busca voluntários humanos para fazer parte da pesquisa. Eles serão orientados durante seis meses, tempo em que receberão aplicações do medicamento. Serão recrutadas 20 pessoas, de ambos os sexos, acima de 40 anos, que é a idade de prevalência da doença, e que tenham dúvida quanto ao diagnóstico ou já o tenham.

O remédio é natural e, segundo Fernando Abrão, não tem efeito colateral. Quem se habilitar a ser voluntário vai receber uma aplicação por semana e comparecer a uma consulta de avaliação a cada dois meses. “É apenas um estudo de caso em que todos receberão o tratamento. Caso haja resultados favoráveis, vamos fazer um estudo comparativo”, diz. Os experimentos devem durar até 12 meses, quando o resultado será enviado para publicação em uma revista científica.

A ideia é que a pesquisa aponte o grau de eficácia no tratamento envolvendo a Viscum album e ele possa ser prescrito posteriormente por dermatologistas. “O remédio é indicado para certos tipos de câncer e a ceratose é pré-cancerígena, ou seja, pode vir a ser uma doença maligna da pele. Nossa esperança durante os seis meses é que as pessoas apresentem situação mais saudável e que as lesões diminuam de tamanho”, acrescenta Abrão.

Segundo Aloísio Gamonal, é comum o uso de voluntários humanos em pesquisas desse tipo. O projeto tem que ser aprovado pela Comissão de Ética e os pacientes devem assinar um termo de consentimento.

O tratamento durante a pesquisa é inteiramente gratuito, segundo o professor. O comitê regula o uso de seres humanos envolvidos em pesquisas e deve analisar e autorizar os projetos nas áreas de genética humana, reprodução humana, novos fármacos, vacinas e testes diagnósticos. Também regula sobre novos equipamentos para a saúde, novos procedimentos, pesquisas em população indígena e que envolvam biossegurança.

Para evitar o câncer

O principal objetivo da pesquisa é desenvolver um medicamento que evite que a ceratose actínica vire um câncer de pele. O tipo de tumor é o mais prevalente no país, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), e corresponde a 25% dos tumores malignos.

O medicamento à base de Viscum album também é indicado, segundo o mestrando Fernando Abrão, para tratamento do câncer de pele, como o carcinoma cutâneo de células escamosas.

“A indicação para o câncer surgiu a partir dos conhecimentos da medicina antroposófica”, diz. A estimativa é que, até o fim deste ano, 134 mil pessoas sejam diagnosticadas com tumores na pele.

A planta, na Europa, é usada como chá e em preparados homeopáticos, usados como calmante e para hipertensão arterial. Segundo Abrão, esse tipo de medicamento, sem químicos, é cada vez mais procurado pela população, que tem buscado cada vez mais a medicina complementar. “As pessoas estão com receio quanto aos efeitos colaterais dos remédios, especialmente nas crianças.”

Pesquisa Médica: http://www.abmanacional.com.br/arquivo/6e13380c82b6c7082190caa206f0e68b9eb41865-31-1-helixor.pdf

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